Ao longo dos anos, o mercado de trabalho sofre importantes transformações devido às mudanças geracionais. Hoje, as pessoas estão se posicionando cada vez mais e buscando continuamente por um espaço plural para o dia a dia de trabalho. Nesse contexto, a diversidade nas empresas é uma discussão inevitável para as organizações, tanto para os processos de recrutamento e seleção quanto para trazerem importantes debates para o dia a dia de trabalho.

Pensando nisso, elaboramos este material para que você entenda um pouco mais sobre o tema, a sua importância, além de conferir dicas práticas de como tornar a empresa mais diversa. Continue a leitura e saiba mais!

O que é diversidade nas empresas?

A diversidade ocorre quando há um conjunto de pessoas que tenham características distintas e que também fazem parte de grupos culturais distintos. Nesse sentido, no caso das empresas, contará com profissionais que tenham diferentes:

  • idades;
  • etnias;
  • religiões;
  • classes sociais;
  • orientações sexuais;
  • identidade de gênero; entre outros.

Diversidade nas empresas: qual é o cenário do Brasil nesse sentido?

Quando mencionamos sobre diversidade nas empresas, é importante analisarmos qual é o cenário do Brasil nesse sentido. Confira alguns tópicos que selecionamos!

Situação da mulher no mercado de trabalho

Segundo um levantamento feito pela PNAD Contínua no ano de 2018, apesar de o número de mulheres no país ser superior ao de homens, elas representam apenas 13,6% das vagas de liderança. Quando abordamos sobre a questão salarial, a situação é ainda mais delicada: segundo o levantamento, elas recebem apenas 70% da massa salarial.

Lideranças negras

Se esse recorte for racial, temos alguns dados alarmantes. Segundo o Instituto Ethos, em um levantamento feito com mais de 500 empresas com os faturamentos mais altos no país, pessoas pretas representam 57% de aprendizes e trainees. Porém, quando analisamos as gerências, temos apenas 6,3%. No quadro executivo, apenas 4,7% são pessoas pretas.

Para as mulheres, a sub-representação também é nítida. No quadro executivo das organizações, apenas duas negras faziam parte do time. A elas, a fatia do bolo é de apenas 0,4%.

Segundo o IBGE, no Brasil como um todo, pessoas pretas e pardas ocupam menos de 30% dos cargos de liderança, mesmo sendo maioria no país. O percentual, que já é baixo, ainda sofreu queda nos últimos anos. Enquanto em 2018 representavam 29,9%, em 2019 foi para 29,5%.

LGBTs

Um estudo realizado pela OutNow mostrou que 1 em cada 3 gestores que se afirmam gays no Brasil já não sente mais medo de declarar sua orientação na empresa. No entanto, ainda temos cenários que preocupam no país. 61% dos profissionais LGBTs, por exemplo, escondem a sua orientação.

Essa é uma preocupação que não se resume ao Brasil. Nos Estados Unidos, menos de 0,5% dos CEOs das listas de 500 maiores empresas do mundo são LGBTs, e apenas 3 deles são declaradamente da comunidade: Inga Beales, Lloyd’s of London; Tim Cook, da Apple e Jim Fitterling, da Dow Chemical.

Em um outro estudo, divulgado pelo Fundo Brasil e realizado com 230 profissionais LGBTI+ no país, demonstrou que:

  • 41% dos gays afirmam terem sofrido preconceito devido à sua orientação sexual no espaço de trabalho;
  • 33% das empresas no país não contratariam pessoas LGBTs para funções de lideranças;
  • 61% optam por esconder a sua sexualidade.

Diversidade e cumprimento de lei

Antes de mais nada, a empresa deve entender que buscar por uma organização diversa não deve ser apenas para o cumprimento de lei. De acordo com um levantamento feito pela empresa Vagas.com, por meio da consultoria Talento Incluir e divulgado pela Valor Econômico, cerca de 40% das pessoas se sentiram discriminadas no trabalho, enquanto mais da metade se sentiu prejudicada em processos seletivos.

Sobre esse prejuízo no processo seletivo, esse número é ainda maior quando consideramos algumas das narrativas:

  • 54% entre mulheres;
  • 55% entre pessoas pretas;
  • 59% entre PCDs;
  • 63% entre 41 e 50 anos;
  • 90% acima dos 55 anos.

Nesse cenário, observa-se a necessidade de as empresas buscarem elaborar um planejamento de inclusão (explicaremos as diferenças mais adiante), no qual os times possam atuar em suas respectivas funções com qualidade, inovação e produtividade.

Qual a diferença entre diversidade e inclusão?

Logo após apresentar o significado de diversidade, vale debater: qual é a diferença existente entre diversidade e inclusão? Essa compreensão é essencial para quem deseja promover a diversidade. Caso contrário, o diferencial competitivo trazido por essa característica pode se tornar em uma gestão de crise, o que ocasionaria em perdas de clientes, de receita, além de prejudicar de forma grave a imagem do negócio perante o mercado.

Conforme vimos, diversidade está ligada à representação demográfica. Na sua empresa, você consegue identificar que existe um equilíbrio entre lideranças? Há, em seu quadro de colaboradores, pessoas com deficiência, pessoas com mais de 50 anos, jovens talentos e pessoas negras? Caso a resposta tenha sido positiva para ambas perguntas, o seu quadro de colaboradores é diverso. No entanto, não quer dizer que é inclusivo.

Uma empresa se torna inclusiva quando há um trabalho eficaz para que todos tenham a mesma oportunidade de ascensão e desenvolvimento. Além disso, é garantir que haja o conhecimento sobre diferentes narrativas pela expressiva maioria dos profissionais, de modo que o respeito prevaleça nas pequenas atitudes.

Dando um exemplo bem simplório mas que simula bem a diferença existente: abrir vagas para pessoas com deficiência é diversidade. Oferecer recursos para que ela trabalhe assim como os outros (banheiros acessíveis, por exemplo), é inclusão.

Qual a importância de investir em diversidade nas empresas? 

A seguir, selecionamos alguns tópicos importantes sobre pesquisas recentes relacionadas à diversidade e inclusão nas empresas. 

Dados recentes

De acordo com uma pesquisa realizada pela OpinionBox em parceria com a HSM Management, alguns insights importantes puderam ser percebidos. Entre eles, destacamos: 

  • 1 em cada 4 entrevistados avaliam que menos de 5% dos colegas são negros; 
  • 44% das empresas não têm nenhum colaborador transexual; 
  • 37% dos colaboradores afirmaram que já houve casos de discriminação em sua organização; 
  • 29% das empresas não possuem nenhuma pessoa com deficiência. 

Além disso, números preocupantes puderam ser notados pela pesquisa: 

  • 10% das pessoas não gostariam de ter um líder com orientação sexual diferente da dele; 
  • 11% acreditam que pessoas com deficiência têm mais dificuldades de assumir cargos de liderança; 
  • 9% acham que homens têm mais capacidade de liderança do que as mulheres. 

Importância da diversidade 

Um estudo realizado pela McKinsey trouxe dados importantes relacionados à importância da diversidade nas empresas. Confira: 

  • colaboradores têm 152% maior probabilidade de propor novas ideias; 
  • 62% mais chances de serem incentivados a colaborar com outras equipes; 
  • 64% mais propensos a compartilharem melhores práticas de trabalho. 

Nesse cenário, percebe-se que o investimento em diversidade contribui para profissionais mais incentivados a proporem inovação, além de o ambiente se tornar mais colaborativo e propício ao aprendizado. 

Diversidade nas empresas: como começar a investir?

A seguir, selecionamos algumas dicas importantes sobre como começar a investir em diversidade nas empresas. Confira!

Busque apoio das lideranças

O primeiro passo para construir diversidade nas empresas é buscar apoio das lideranças. Converse com o C-level de sua empresa, entenda o quanto ele está aberto para o investimento em diversidade e inclusão e apresente a importância que isso tem para a organização.

Caso contrário, algumas iniciativas podem ficar travadas. Não há como você abrir um processo de recrutamento e seleção específico para PCDs se não existe o interesse em fazer uma reforma no espaço físico para tornar os espaços acessíveis, concorda?

Faça um diagnóstico da realidade atual de sua empresa

Já pensou em fazer uma espécie de "censo" em sua empresa? Quantas pessoas que se declaram pretas têm em seu quadro de colaboradores? Quantos são aqueles que se autodeclaram LGBT+? Ao entender esses números, existe a possibilidade de ter um foco inicial nos processos de recrutamento e seleção.

Ao passar por essa etapa, uma dúvida comum entre as equipes é de entender o número ideal. Nesse caso, o mais indicado é buscar pelo percentual dessa população no Brasil e em sua região. Exemplo: se a população de pessoas que se autodeclaram pretas e pardas for de 51%, quanto mais próximo esse for o número de profissionais em seu negócio, melhor.

Defina OKRs relacionadas à diversidade

Com o objetivo de implementar um programa de diversidade na empresa, o ideal é que tenha OKRs com esse foco, especialmente voltado para as lideranças. As OKRs são um sistema de metas coletivas e individuais, que convergem para a busca de metas globais de uma organização. Ou seja, se a organização estabelecer uma OKR de diversidade, as OKRs individuais da liderança podem ser voltadas para a contratação dessas pessoas.

Invista em inclusão

Além disso, lembre-se sempre de que é necessário investir também em inclusão. Entenda: imagine que a sua empresa contrate colaboradoras e colaboradores trans. No entanto, caso outros profissionais não respeitem a identidade de gênero dessa pessoa será mais uma forma de agressão a essa população.

Nesse sentido, o ideal é que faça encontros periódicos com os funcionários de seu negócio, cujos assuntos variam de uma reunião para outra. Nessas pequenas palestras, busque pessoas cujas narrativas se alinham com o assunto retratado. Um homem gay, por exemplo, pode relatar um pouco de sua vivência no mercado de trabalho, preconceitos enfrentados, desafios, além de sua percepção sobre o que ele considera ideal em uma empresa.

Ao escutar essas vivências, naturalmente as pessoas vão adquirir novos aprendizados, enxergando o próximo com mais empatia.

Tenha um comitê de diversidade

Assim como qualquer outra estratégia de seu negócio, o ideal é que tenha pessoas voltadas especialmente para esses tópicos. Dessa forma, esse time vai trabalhar como um promotor do assunto, buscando realizar eventos, engajar os outros profissionais, além de contribuir continuamente para que as pessoas pratiquem esses valores.

Outro ponto importante de contar com um comitê é a possibilidade de eles firmarem parcerias e controlarem as metas pré-estabelecidas.

Faça benchmarking

Como outras empresas atuam na questão da diversidade? Entender os projetos, a atuação das lideranças e como esse tema é abordado em organizações cujos valores se alinham aos seus possibilitará tirar insights para elaborar planos de ação que visam a melhoria desse ponto em seu negócio.

Trabalhe seus processos de recrutamento e seleção

Existe a possibilidade de concentrar esforços nos processos de recrutamento e seleção de forma que traga pessoas mais diversificadas. Postar as vagas em grupos que tenham esse foco é uma saída, além de buscar parcerias com organizações que estão relacionadas de forma direta com universidades.

Quais são os exemplos de diversidade nas empresas?

A seguir, selecionamos uma lista de empresas que adotaram estratégias interessantes de diversidade nas empresas. Confira!

Pepsico

Quando mencionamos sobre diversidade, não podemos deixar de lado a necessidade de oferecer oportunidades para um público que está há muito tempo fora do mercado. Com o crescimento contínuo do desemprego no país (chegando a 14,3% em agosto de 2020), esse número tende a aumentar.

Nesse sentido, a Pepsico criou a campanha "Ready to Return", com o objetivo de recrutar pessoas que estejam há mais de 2 anos fora do mercado de trabalho. Além disso, o foco desse projeto foi voltado para o recrutamento de quem saiu do trabalho para se dedicar a projetos pessoais (maternidade e estudos, por exemplo).

Outro ponto de destaque da Pepsico foi a assinatura do acordo "He for She", da ONU, cujo principal intuito é estimular o empoderamento feminino.

Natura

Na Natura, existe a Política de Valorização da Diversidade desde 2016. A preocupação com o tema a fez render o prêmio da primeira edição do Guia Exame de Diversidade na categoria pessoas com deficiência. Em seu quadro de colaboradores, há mais de 6% de profissionais, índice acima do exigido por lei (5% para empresas acima de 1000 colaboradores). O seu intuito é de aumentar ainda mais o percentual.

Magazine Luiza

Recentemente, a Magazine Luiza causou debates com um processo seletivo formado apenas por pessoas pretas. Foi o primeiro processo de admissão exclusivo para pessoas com essas narrativas para a vaga de trainees, de modo que trouxesse a oportunidade de ampliar as voz dessa população no processo de digitalização da empresa e do Brasil.

O objetivo da empresa foi de tentar reparar desigualdades historicamente acumuladas, o que traria a oportunidade de garantir a igualdade de oportunidades e tratamento entre as pessoas.

IBM

Quando abordamos sobre processos de diversidade e inclusão, o público LGBT vem ganhando destaque entre as marcas. Em 2018, com o compromisso de promover a inclusão entre essa população, foi formulada a "Carta de Apoio à Diversidade, ao Respeito e à Inclusão de pessoas LGBT+ nos Locais de Trabalho no Brasil". A IBM está entre as 32 empresas que assinaram esse documento.

Com o objetivo de colocar na prática o acordo firmado, a IBM realiza monitorias entre líderes e liderados que se autodeclaram LGBT+, no qual eles têm um espaço aberto para relatarem suas narrativas, dificuldades, entre outros pontos que consideram relevantes.

Além disso, há um pacote de benefícios para esses profissionais. Entre eles, plano de medicamentos com terapia hormonal para pessoas transgêneras, além de licença maternidade/paternidade para quem adotar.

Neste conteúdo, você pôde entender um pouco mais sobre diversidade nas empresas, a importância desse tópico, além de dicas de como implementá-la. Pôde entender, ainda, exemplos de empresas que se destacam nesse sentido, além de conhecer sobre a diferença entre termos importantes. Conforme abordado, o ideal é que tenha um bom planejamento, além de traçar meios para que toda a equipe se sinta inserida no assunto. Dessa forma, há a possibilidade de usufruir das vantagens usufruídas por uma empresa diversa.

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