Já ouviu falar sobre o termo lifelong learning? Também conhecido como aprendizado contínuo, pode ser traduzido de forma literal como "aprendizado ao longo da vida", conceito considerado uma das principais tendências de RH para o próximo ano.

Grandes empresas que dispensam apresentações — Google e Microsoft, por exemplo — já perceberam a importância de desenvolver uma cultura como essa para alcançarem posições mais competitivas e estratégicas no mercado. Para isso, já contam com um setor próprio de Treinamento & Desenvolvimento, estão por dentro das tendências de educação e também contam com parcerias que auxiliam nesse processo.

Saiba mais sobre o assunto!

O que é o lifelong learning e quais são os seus pilares?

Conforme mencionamos, o lifelong learning pode ser traduzido como “aprendizado ao longo da vida” ou “aprendizado contínuo” e tem como objetivo justamente estimular a continuidade dos estudos por parte de seus colaboradores e colaboradoras. A seguir, trouxemos alguns dos principais pilares dessa estratégia. Veja!

Aprender a conhecer

No processo de aprendizagem, o conhecimento é parte fundamental. O “aprender a conhecer” diz respeito à necessidade de ter prazer pelo processo de conhecimento. É preciso que as próprias pessoas gostem das capacitações oferecidas, identifiquem quais são os gaps que elas têm e se interessem pelos cursos oferecidos para a organização, entendendo como aquele conhecimento pode ser aplicado em suas rotinas e em suas demandas.

Dessa forma, a empresa adquire um diferencial que poucas organizações têm: o aprendizado autônomo.

Aprender a fazer

Em 1990, os professores Morgan McCall, Robert Eichinger e Michael Lombardo desenvolveram uma metodologia de aprendizagem denominada 70:20:10. Trata-se de um estudo que combina percentualmente três formas de aprendizado por parte de uma pessoa:

  • experiência própria;
  • aprendizado com outras pessoas;
  • aprendizado com cursos.

Nesse caso, o aprendizado prático corresponderia aos 70%, enquanto o aprendizado com outras pessoas colaboradoras representaria 20%. Por fim, o aprendizado com cursos e treinamentos completaria a soma, com 10%.

No aprendizado prático, é aquilo que chamamos de on-the-job. Por meio das demandas, das atividades do dia a dia, das tarefas e da própria dinâmica de sua empresa. Sendo assim, torna-se necessário o “saber fazer”. Para isso, habilidades comportamentais precisam ser desenvolvidas, como a autonomia, a proatividade e a disciplina.

Aprender a conviver

As pessoas colaboradoras têm muito o que ensinar umas às outras, sejam de times diferentes ou não. Pense com a gente: os processos de uma área são completamente diferentes dos processos de outra área. No entanto, podem oferecer insights que contribuem para melhorias nas demandas de ambos os lados, de modo que todos saem ganhando com esse intercâmbio de conhecimentos.

Sendo assim, o “aprender a conviver” diz respeito aos 20% da metodologia apresentada — aprendizado com outras pessoas. Por essa razão, é importante que as empresas tenham práticas contínuas para que colaboradores realizem trocas, tornando isso um ritual.

Na Qulture, por exemplo, temos o Qulture.Talks. Nesse momento, profissionais de diferentes setores podem compartilhar um aprendizado ou até mesmo trazer sobre as suas vivências enquanto um indivíduo social. Qualquer troca promove aprendizado e deve ser estimulada.

Aprender a ser

Por fim, o lifelong learning também conta com o pilar o “aprender a ser”. É preciso ter o interesse genuíno de aprender coisas novas. Caso contrário, a sua empresa oferecerá uma série de capacitações e, mesmo participando de alguns momentos, a pessoa pode estar desinteressada com o tópico.

Se assistir a um treinamento respondendo aos seus e-mails ou adiantando alguma demanda, a estratégia não será eficaz. Pelo contrário, uma vez que ambos os tempos (tanto de quem capacita quanto de quem seria capacitado) será gasto de forma ineficaz.

Por essa razão, é importante que haja o desenvolvimento de autonomia para que as pessoas possam aprender coisas novas de maneira proativa, tendo autorresponsabilidade sobre o seu aprendizado.

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Quais as vantagens do lifelong learning?

Quando pensamos nas vantagens do aprendizado contínuo para as empresas, nos deparamos com muitos diferenciais. Entre eles, podemos destacar:

  • absorção e desenvolvimento de novas habilidades — consequentemente, contribui para que existam melhorias dos processos de diferentes times;
  • incentivo à criatividade — o Google, por exemplo, incentiva seus funcionários a dedicarem 20% do tempo para ideias pessoais e inovadoras;
  • conhecimento sobre as mudanças do mercado — em um cenário de tantas transformações, o negócio que não se adapta consequentemente fica para trás;
  • surgimento de novas oportunidades — com o aprimoramento do conhecimento, há mais confiança por parte de colaboradores para se dedicarem a novos projetos.

Qual a importância do lifelong learning? Confira alguns dados!

Dados reforçam a importância do aprendizado contínuo para as empresas. De acordo com um estudo realizado pela empresa de recrutamento Robert Half, em parceria com a Dom Cabral e divulgado pela Época Negócios, 66% dos profissionais de recrutamento e seleção afirmaram que contratar pessoas qualificadas para as empresas está difícil ou muito difícil.

Quando analisamos a perspectiva do profissional, 88% deles afirmaram que alguns dos desafios para a qualificação no dia a dia das organizações estão relacionados a falta de tempo e também a falta de incentivo.

Entre as pessoas que buscam recolocação no mercado, 50% delas afirmam não saber quais são as habilidades que precisam ser desenvolvidas ou aprendidas para conseguirem uma nova posição.

Dificuldade no recrutamento

Segundo esses profissionais de recrutamento, há dificuldade especialmente em conseguir pessoas qualificadas para as vagas que estão abertas, tópico apontado por 42% das pessoas entrevistadas. As principais razões para isso são:

  • ausência de habilidades técnicas essenciais para a vaga — apontada por 49,85%;
  • maiores talentos já estarem em boas posições do mercado — apontado por 45,63%;
  • pacote de remuneração não ser competitivo em relação a concorrência — apontado por 39,01%;
  • candidatos não contarem com as habilidades necessárias para as posições  — apontado por 38,4%.

Treinamento e desenvolvimento

Justamente por essas dificuldades, 40% das empresas já começaram a oferecer treinamentos de requalificação e qualificação. Para eles, o maior benefício foi o aumento da produtividade de profissionais (59,4%), seguido pela retenção de profissionais (57,5%) e pela ausência de necessidade de buscar por outras contratações na empresa.

Onde o lifelong learning pode ser aplicado?

O lifelong learning pode ser aplicado em diferentes contextos de uma organização. Pode trazer ganhos para a pessoa colaboradora a nível pessoal — afinal, o conhecimento adquirido por ela pode ser aplicado ao longo de sua carreira, independentemente de estar ou não em seu quadro de colaboradores — mas também impacta o desempenho da empresa como um todo. Saiba mais!

Avaliação de desempenho

Sabemos que a avaliação de desempenho é o ápice de um processo bem estruturado de gestão de desempenho. Trata-se de uma avaliação individual da pessoa colaboradora em determinado período de tempo, cujo objetivo é o de melhorar o desempenho da empresa por meio da melhoria do desempenho dos(as) profissionais.

Por meio da avaliação, há a oportunidade de identificar competências que precisam ser desenvolvidas. Suponhamos que, ao final do processo, haja a identificação que liderança, comunicação e competências técnicas foram os três temas mais identificados em diferentes times.

A partir desse entendimento, a empresa tem a possibilidade de buscar capacitações que atendam a esses gaps. Se isso for aplicado, nas próximas avaliações, teremos a chance de identificar se a estratégia de fato surtiu efeito e quais seriam os próximos temas a serem trabalhados em toda a organização.

Plano de Desenvolvimento Individual

Quando nos referimos ao Plano de Desenvolvimento Individual, as empresas contam com um grande desafio. Normalmente, não há dificuldades por parte das lideranças, liderados e lideradas de identificarem os pontos de desenvolvimento e até mesmo de montarem um plano de ação.

Porém, é comum que o PDI seja deixado de lado e não haja estratégias claras para que a pessoa colaboradora possa, de fato, se desenvolver no que foi levantado. Sendo assim, o treinamento vem como uma possibilidade para aprimorar esse processo, o que torna essa metodologia, de fato, efetiva para o negócio.

Plano de sucessão

Conforme sabemos, uma das etapas do plano de sucessão é o comitê de sucessão. Nele, pessoas consideradas aptas para assumirem cargos de maior complexidade são identificadas. Depois, é papel das lideranças entenderem quais são os pontos de desenvolvimento desses(as) profissionais.

Novamente, há a oportunidade de aliar o treinamento e o desenvolvimento com as necessidades da empresa. Pessoas precisam desenvolver seus gaps para que possam assumir esses cargos de maior complexidade e garantir o bom funcionamento das equipes e o atingimento de resultados. Assim, tanto o desenvolvimento do(a) colaborador(a) é aprimorado quanto a empresa tem a oportunidade de contar com alguém apto para um papel mais desafiador.

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Como investir em lifelong learning nas empresas?

A seguir, selecionamos alguns dos tópicos que merecem atenção para implementar o aprendizado contínuo em sua empresa. Veja!

Crie metas formais

A primeira delas é a criação de metas formais. Se a sua empresa já trabalha com OKRs, por exemplo, é importante que eles sejam criados para o time de Recursos Humanos (ou de Treinamento & Desenvolvimento, caso haja essa equipe).

Assim, há a possibilidade de verificar o andamento da implementação de aprendizado contínuo, além de estabelecer key results que possam medir se fomos bem-sucedidos ou não ao atingir o objetivo.

Encoraje o relacionamento entre profissionais e pessoas recém-chegadas

Ao longo do material, tivemos a oportunidade de perceber a dificuldade das equipes de recrutamento e seleção em encontrar pessoas com habilidades e competências necessárias para as vagas. Porém, se um ou uma profissional tiver fit cultural com a empresa, há a possibilidade de desenvolvê-las depois da contratação.

Para isso, é importante que as lideranças encorajam relacionamentos entre mentores e pessoas novatas, de modo que os mais antigos possam apresentar os desafios do time e da organização, mostrar um pouco mais sobre as funções do cargo, além de discutir sobre a sua experiência ao longo da carreira.

Ofereça diferentes tipos de treinamento

No dia a dia da organização, não deixe de oferecer diferentes tipos de treinamento para as pessoas do time. Previamente, é preciso entender que cada profissional consome conteúdo de forma diferenciada. Nesse sentido, alguns formatos que podem ser fornecidos em seu negócio:

  • aulas internas, nas quais os próprios colaboradores podem trazer suas experiências para outras pessoas da empresa;
  • indicações e incentivo para a leitura — uma boa prática, por exemplo, é de oferecer como benefício aos profissionais a possibilidade de adquirir materiais para o aprendizado;
  • sugestões de podcasts e vídeos;
  • oferecimento de cursos online, entre outros.

Forneça oportunidades de feedback

Feedback é o processo no qual uma pessoa contribui para que a outra possa se desenvolver a partir de suas próprias percepções, sejam positivas, sejam negativas. Se não houver uma conversa aberta para esse desenvolvimento, dificilmente uma pessoa consegue adquirir habilidades e competências necessárias.

Além disso, o feedback contribui para os próprios colaboradores mais antigos entenderem se as ações tomadas com os novos membros, de fato, trouxeram bons resultados — ou se é necessário fazer alterações de rota conforme o andamento do projeto.

Facilite a transmissão de conhecimento

Por fim, é importante que o negócio busque no mercado alternativas que facilitem a transmissão de conhecimento. Hoje, existem diferentes ferramentas que permitem o fácil acesso às informações. A partir de uma plataforma de educação corporativa, o negócio tem a possibilidade de:

  • concentrar em um único espaço todos os materiais oferecidos pela empresa;
  • aumentar a motivação de profissionais pela facilidade proporcionada pela solução;
  • contribuir para que as equipes identifiquem como está o desenvolvimento das ações.

Neste conteúdo, você pôde entender um pouco mais sobre o lifelong learning (aprendizado contínuo), a sua importância, além de conferir como é possível implementá-lo na empresa. Como vimos, essa é uma tendência que chegou para ficar — e tem como objetivo superar alguns dos gaps do recrutamento e seleção, que é a dificuldade de encontrar pessoas com competências e habilidades necessárias para as funções disponíveis no negócio.

Como vimos, o lifelong learning é uma estratégia essencial para a empresa. Se você deseja se aprofundar um pouco mais sobre outros conceitos relacionados ao tema, é só continuar no blog e conferir um conteúdo que elaboramos sobre microlearning e tirar suas dúvidas!