No mês em que se celebra internacionalmente o orgulho LGBT+, as empresas devem ir além de discutir ações para essa data — investir em um processo seletivo inclusivo trará impactos realmente efetivos para essa população. Por essa razão, o primeiro passo é entender como estão as suas estratégias, quais são os canais de divulgação mais efetivos e analisar se o seu atual quadro de profissionais de fato é diverso e inclusivo.

Neste material, a gente explica um pouco mais sobre as etapas necessárias e dicas práticas para promover um processo seletivo mais inclusivo. Continue a leitura e saiba mais!

Diversidade nas empresas brasileiras

Apesar de o foco do conteúdo ser voltado para pessoas LGBTs, devemos discutir a diversidade nas empresas como um todo. Em 2019, a Associação Brasileira de Comunicação Empresarial divulgou a pesquisa "A Diversidade e Inclusão nas Organizações no Brasil". Nela, pesquisadores chegaram a uma triste conclusão: ainda há recorrentemente posturas preconceituosas dentro das organizações.

O estudo foi feito com 269 pessoas de diversas empresas do país. Desse total, 40% relata que já presenciou discriminação no trabalho devido a identidade ou expressão de gênero, enquanto 35% sofreu preconceito pela idade e 30% por cor ou etnia.

Apesar desses números preocupantes, o estudo mostrou que 63% das 124 grandes empresas respondentes já investem em programas de diversidade e inclusão, enquanto 57% das pessoas acreditam que essas iniciativas têm sido ampliadas nos últimos anos.

Além disso, um outro levantamento realizado pela McKinsey em 2015 trouxe dados que também chamam a atenção. De acordo com a pesquisa, a igualdade de gênero nas organizações poderia gerar 12 trilhões ao PIB global até 2025. Ou seja, essas iniciativas não apenas ampliam as possibilidades de contratações diversas, como também contribuem para os resultados da organização e para a economia como um todo.

Como garantir um processo seletivo mais inclusivo?

Depois de um breve levantamento sobre a diversidade nas empresas e as perspectivas do Brasil e do mundo, vamos entender como é possível realizar um processo seletivo mais inclusivo. Confira!

Descrição de vagas

Frequentemente, mencionamos sobre a importância de estar atento à jornada do colaborador ou colaboradora como um todo. O primeiro contato que a pessoa terá com a sua empresa é a partir da divulgação das vagas e a descrição. Por essa razão, deve haver uma preocupação em utilizar uma linguagem neutra. Exemplo: em vez de procurar por "programador", o ideal seria "pessoa programadora".

Esse tipo de detalhe faz a diferença no momento de ser mais inclusivo no processo seletivo. Por essa razão, é importante que a área de Recursos Humanos leve o que foi escrito para que outra pessoa possa avaliar e trazer suas percepções, identificando esse tipo de particularidade.

Se a organização já contar com um comitê de diversidade, por exemplo, crie um fluxo de trabalho no qual o time terá contato com a comunicação antes de ser destinada para os canais oficiais.

Exigências do processo seletivo

Se a sua empresa deseja formular um processo seletivo mais inclusivo, deve estar atenta às exigências das vagas. Se a intenção for ampliar o alcance de pessoas LGBTs para a sua empresa, exigir inglês fluente é um equívoco e uma incoerência. De acordo com uma pesquisa realizada pela empresa British Concil, apenas 5% da população brasileira tem domínio sobre a língua inglesa.

Dessa forma, se esse tópico é solicitado ao candidato, você já elimina cerca de 95% da população. Devemos levar em consideração, ainda, a acessibilidade de pessoas à educação. Para se ter uma ideia, apenas 0,1% das vagas ocupadas em universidades federais são de pessoas transexuais.

Entre os fatores que levam a essa triste estatística, podemos mencionar, por exemplo, o fato da evasão escolar dessa população provocada especialmente pelo preconceito — quando nega o direito ao uso social ou até mesmo impede o uso de banheiros de acordo com o gênero do/a aluno/a.

Tecnologia como aliada

A tecnologia pode funcionar como uma importante aliada para processos seletivos mais inclusivos. Devido à pandemia do novo coronavírus, empresas dos mais variados setores adotaram o home office como definitivo em suas organizações. Isso contribuiu para que profissionais de recrutamento e seleção pudessem buscar candidatos em todo o território nacional, uma vez que não havia mais barreiras geográficas para a contratação.

Nesse sentido, ferramentas podem ser utilizadas para encontrar pessoas de diferentes narrativas e, depois da contratação, garantir que elas se sintam incluídas no espaço de trabalho. Há soluções, por exemplo, que permitem que liderados e lideradas manifestem o seu sentimento da semana, além de ofertar feedbacks construtivos e positivos sempre que identificar essa necessidade — desde que o negócio ofereça um espaço aberto para que as pessoas se sintam à vontade para isso.

Ter atenção a possíveis casos de discriminação

Com o objetivo de que a empresa seja de fato inclusiva e promova um processo seletivo que deixa candidatos e candidatas à vontade em todas as etapas, existe a necessidade de analisar possíveis casos de discriminação. Uma pessoa trans, por exemplo, deve ser sempre tratada pelo seu nome social. Nas questões burocráticas (elaboração do contrato de trabalho), a área de RH deve ter atenção redobrada para que não provoque nenhum tipo de constrangimento para a pessoa recém-chegada.

Pontos que merecem a atenção por parte da área de Recursos Humanos e das lideranças:

  1. Se uma candidata ou candidato afirma que não tem "gênero apropriado" for desclassificado(a) sem nenhum tipo de motivo aparente.
  2. Se houver exclusão de pessoas por telefone devido ao fato de a voz da pessoa não corresponder com a expectativa de gênero do recrutador ou recrutadora.  
  3. Fazer um diagnóstico interno para avaliar se as pessoas LGBTs de fato estão com as mesmas oportunidades que as outras pessoas, e não apenas em subempregos.

Neste conteúdo, você pôde conferir algumas dicas práticas de como promover um processo seletivo mais inclusivo. Para trazer essas mudanças, é importante que haja um bom planejamento, além de coletar continuamente feedbacks das participantes para entender quais são os pontos positivos e o que pode ser aperfeiçoado.

Se você deseja entender um pouco mais sobre estratégias de um bom processo seletivo, continue no blog e tire suas dúvidas sobre fit cultural!