Qualidade de vida no trabalho é um tema que vem sendo bastante discutido entre as empresas, especialmente em um contexto remoto. Ao proporcionar essa questão, existe a possibilidade de a organização contar com colaboradores mais produtivos, motivados e dispostos, além de contribuir para uma redução da taxa de turnover.

Aumentar o engajamento dos profissionais deve ser uma das principais preocupações das lideranças. Afinal, de acordo com um levantamento realizado pela Gallup, apenas 13% das pessoas são ativamente engajadas em suas funções, o que reforça a importância de destinar atenção a esse tema.

Além disso, em um outro levantamento realizado em mais de 150 países, o trabalho permanece como um dos itens menos satisfatórios entre os cinco elementos de bem-estar na vida. Por essa razão, é papel das empresas mudarem esse quadro, conhecendo algumas estratégias simples de serem adotadas.

Neste material, apresentamos algumas dicas sobre o tema, além de ressaltar empresas que se destacam no assunto. Continue a leitura e saiba mais!

Por que é importante se preocupar com a qualidade de vida no trabalho?

A seguir, selecionamos alguns pontos que se destacam quando a empresa se preocupa em garantir a qualidade de vida no trabalho, independentemente se as funções são exercidas de forma presencial ou remota. Confira!

Aumento da produtividade

De acordo com a Workfront, uma empresa de software dos Estados Unidos, apenas 39% do expediente de trabalho é aproveitado. O restante, as pessoas dedicam seu tempo para atividades não-essenciais. O estudo foi feito com 600 profissionais que responderam sobre trabalho e procrastinação, visando obter respostas honestas por parte das pessoas do time para traçar medidas eficazes que tragam melhorias nesse sentido.

Ao proporcionar qualidade de vida no trabalho, naturalmente as pessoas estarão mais dispostas para exercerem as suas atividades, o que ocasiona em um natural aumento de produtividade.

Melhoria do clima organizacional

Podemos definir o clima organizacional de uma empresa como a percepção de colaboradores e colaboradoras sobre processos, políticas e práticas do negócio. Ao contar com esse entendimento, a organização terá insumos para traçar estratégias em cima de pontos considerados negativos pelo time, além de potencializar aqueles positivos.

Quando falamos de clima, estamos nos referindo a seus componentes. De acordo com a literatura científica, trata-se de um amalgamado das percepções em relação a alguns aspectos de sua experiência, como:

  • remuneração e benefícios;
  • oportunidades de crescimento profissional;
  • liderança direta;
  • equipamentos de trabalho;
  • justiça em relação a méritos e promoções, entre outros.

Tendo a preocupação com a qualidade de vida no trabalho, consequentemente esses tópicos serão estudados dentro da organização, uma vez que influenciam diretamente na satisfação das pessoas com a empresa em si.

Atração e retenção de talentos

Para que a empresa adquira diferencial competitivo, é preciso que ela tenha atenção quanto à atração e retenção de talentos. Entre os impactos do turnover, podemos mencionar:

  • custos elevados, uma vez que a demissão e contratação de profissionais gera gastos ao negócio;
  • necessidade de deslocar uma equipe para um novo processo seletivo;
  • necessidade de oferecer treinamentos para as novas pessoas do time, o que obriga aos profissionais destinarem parte de seu tempo até que o colaborador seja rampado; entre outros.

Caso a empresa não tenha atenção quanto à qualidade de vida no espaço profissional, consequentemente vai haver um índice de retenção baixo. Além disso, devemos levar em consideração que existem plataformas e redes sociais próprias para que as pessoas possam trazer suas percepções sobre determinado negócio — o que pode influenciar de maneira direta a quantidade de talentos interessados no time.

Como medir a qualidade de vida dos colaboradores?

Para alcançar os benefícios que a satisfação e bem-estar dos colaboradores pode promover na sua empresa, antes é necessário medir esse indicador. Ele avalia a experiência dos colaboradores na empresa e orienta os planos de ação para melhorar o bem-estar do time. Confira como medir a qualidade de vida na sua empresa.

Critérios para avaliar a qualidade de vida no trabalho

O autor norte-americano Richard Walton foi um dos primeiros a pesquisar a qualidade de vida no trabalho e definiu oito fatores que influenciam a percepção de satisfação e bem-estar dos colaboradores. São eles:

  • Compensação justa e adequada: percepção sobre a política de benefícios e se a remuneração é compatível com a função desempenhada (em relação aos pares e ao mercado);
  • Condições de trabalho: jornada de trabalho, equipamentos à disposição e segurança no trabalho;
  • Uso e desenvolvimento das capacidades: percepção sobre a autonomia, as responsabilidades, a relevância das atividades exercidas e o feedback no trabalho;
  • Oportunidades de crescimento: possibilidade de crescimento e desenvolvimento profissional dentro da empresa;
  • Integração social: percepção quanto ao respeito à diversidade, à valorização das ideias, ao relacionamento interpessoal e ao comprometimento dos pares;
  • Constitucionalismo: cumprimento dos direitos trabalhistas, liberdade de expressão, normas e regras estabelecidas pela empresa e tratamento interpessoal igualitário;
  • Trabalho e vida: percepção sobre o impacto do trabalho na vida social e em relação à carga de trabalho versus folgas recebidas;
  • Relevância social: credibilidade e responsabilidade social da empresa, realização pessoal ao desempenhar o trabalho e relevância social dos produtos e serviços.

Esses fatores propostos pelo Walton podem ser utilizados como critérios para avaliar a percepção dos colaboradores sobre a qualidade de vida no trabalho e para definir prioridades na construção de um ambiente de trabalho mais saudável.

Diagnóstico inicial

Após a definição dos critérios de avaliação da qualidade de vida no trabalho, é necessário realizar um diagnóstico desse indicador na empresa.

A pesquisa de clima é o ponto de partida para mapear a satisfação e bem-estar das pessoas do time. Mas é possível ir além, combinando os resultados da pesquisa com outros indicadores de gestão de pessoas, como a taxa de absenteísmo e o turnover.

A taxa de absenteísmo avalia as faltas dos funcionários e pode ser utilizada para medir a satisfação no trabalho, pois colaboradores descontentes tendem a ter ausências não justificadas mais recorrentes.

O turnover, por sua vez, mede a rotatividade do time e também pode ser utilizado, pois a saída recorrente dos colaboradores pode ser um sinal de insatisfação profissional na empresa.

Com esse diagnóstico é possível definir os primeiros planos de ação para melhorar o ambiente de trabalho e realizar o monitoramento da progressão desses indicadores ao longo do tempo.

Como promover a qualidade de vida no trabalho?

Agora que você já sabe como medir a qualidade de vida no trabalho, chegou o momento de apresentarmos algumas dicas práticas para que a sua empresa consiga promovê-la. Veja!

Estabeleça prioridades com liderados e lideradas

Muitas vezes, a falta de foco para as atividades diárias pode contribuir para uma baixa motivação e, consequentemente, para uma insatisfação com o trabalho executado. Por essa razão, o ideal é que as lideranças estabeleçam com seus liderados e lideradas prioridades quanto às demandas.

Além de a pessoa entender quais são as tarefas que mais precisam de seu esforço, ainda diminuem os riscos de o funcionário dedicar o seu tempo para funções menos estratégicas, principalmente se analisar os atuais objetivos globais da empresa.

Faça one-on-ones com as pessoas de seu time

Além de definir as prioridades semanais, o ideal é que as lideranças acompanhem de perto o seu time. Para isso, realizar one-on-ones periódicas contribuirá de maneira significativa para que haja um melhor fluxo de informação de baixo para cima. Ou seja, o próprio profissional trará suas percepções sobre desafios, tópicos de melhorias, entre outras pautas relevantes. Assim, a gestão tem a possibilidade de tomar decisões pró-ativas, o que afetará diretamente a qualidade de vida no trabalho.

Porém, uma dúvida comum entre as equipes está em como conduzir boas reuniões de one-on-ones. A seguir, selecionamos algumas sugestões:

  • líder precisa ouvir seu liderado — na reunião de one-on-one, um grande leque de informações pode ser apresentado. Porém, o gestor nunca pode perder o foco em ouvir o profissional. Ou seja, se o gestor fizer reuniões apenas para apresentar suas pautas, vai reduzir a oportunidade da pessoa falar sobre si e sobre o trabalho exercido;
  • pauta prévia da reunião — o ideal é que o gestor solicite uma pauta prévia da reunião. Assim, ambos podem se preparar para aproveitar aquele momento da melhor forma;
  • anotação dos principais pontos — sempre saia de uma reunião one-on-one com os principais pontos pré-estabelecidos e tarefas a serem executadas por ambas as partes;
  • frequência das reuniões — nesse caso, não há certo nem errado. Vai depender das necessidades de sua empresa e do bom senso das lideranças.

Pratique a cultura de feedbacks

Adotar feedbacks em seu negócio deve ser uma prática fundamental para que as equipes tenham um norte sobre a direção a ser seguida. Ao abordarmos sobre o tema, gostamos de fazer a alusão do GPS com um mapa de papel. Ambos direcionam para o local de chegada, mas o GPS vai fazer revisões de rota e orientar sobre os caminhos mais adequados para aquele momento.

Da mesma forma acontece com o feedback: por meio de uma percepção genuína, as pessoas têm a possibilidade de corrigirem seus percursos nos mais diferentes projetos, estando mais alinhadas com a proposta da empresa e mais focadas no que de fato trará melhores resultados.

Essa cultura deve ser estimulada não apenas entre líderes e liderados, como pela organização como um todo. Porém, lembre-se sempre: elogios podem ser feitos em público, mas feedbacks construtivos precisam ser em particular, de modo que haja uma orientação sobre os pontos de melhoria para alcançar os resultados almejados.

Pratique reconhecimento com a sua equipe

Ao abordarmos sobre qualidade de vida no trabalho, não podemos deixar de lado a importância do reconhecimento na equipe. De acordo com uma pesquisa realizada também pela Gallup, profissionais que sabem que serão reconhecidos ao executarem suas demandas são mais propensos a realizarem as atividades com mais qualidade. Além disso, segundo um outro relatório da empresa, 65% das pessoas que deixaram suas empresas não se sentiam reconhecidas.

Na América Latina, entre as oportunidades-chaves para melhorar o engajamento do profissional, o reconhecimento aparece em segundo lugar, atrás apenas de oportunidades de carreira.

Buscar por ferramentas que proporcionem essa atividade de maneira mais natural será uma estratégia aliada para promover o reconhecimento nas empresas. Por meio dela, as equipes têm a oportunidade de:

  • curtir e comentar as conquistas dos colegas, contribuindo para que boas práticas sejam disseminadas por toda a empresa;
  • enviar elogios para todo o time quando alguma conquista for alcançada;
  • reforçar os valores da organização quando enviar o reconhecimento, possibilitando a construção de uma cultura organizacional sólida; entre outros.

Pesquisa de clima organizacional

Conforme mencionamos, a qualidade de vida no trabalho proporciona melhorias para o clima organizacional. Nesse sentido, a pesquisa de clima possibilitará que as lideranças tenham um diagnóstico da atual situação da empresa. Porém, os resultados, por si só, servem apenas para um entendimento dessa percepção.

O próximo passo da área de RH é elaborar estratégias em cima dos gaps identificados, além de avaliar:

  • Se as mudanças feitas trouxeram melhorias para o clima organizacional;
  • Se essas melhorias proporcionam resultados mais positivos para o negócio.

Quais sinais indicam que não há uma boa qualidade de vida no trabalho?

Por fim, apresentaremos alguns sinais que indicam que a qualidade de vida no trabalho não é priorizada pela gestão:

  • infraestrutura ruim — tanto no trabalho remoto quanto no presencial. No remoto, devemos destacar sobre a importância de oferecer equipamentos adequados para que a pessoa possa realizar as suas atividades;
  • microgerenciamento — hoje, destacam- se as empresas que se preocupam em oferecer autonomia aos seus profissionais. Entre as vantagens observadas, podemos destacar o aumento do sentimento de realização, de responsabilidade da equipe, além de contribuir para que o time desenvolva novas habilidades;
  • falhas de comunicação interna.

Neste material, você pôde entender um pouco mais sobre a importância da qualidade de vida no trabalho, além de dicas que aperfeiçoem essa questão em seu negócio. Assim como em qualquer outra estratégia, o ideal é que conte com um bom planejamento, além de envolver as lideranças nesse processo.

Práticas de gestão de desempenho, além das já apresentadas, também possibilitam melhorias significativas. Para saber mais sobre o tema, continue no blog e boa leitura!