De acordo com dados da Gartner, empresa de consultoria corporativa global, 30% das organizações terão produtos e serviços prontos para serem utilizados no metaverso, independentemente dos setores em que atuam. E, não somente para o metaverso, o mercado corporativo como um todo tem olhado para o futuro com o apoio de diversas tecnologias que visam auxiliar a rotina de profissionais dos mais diversos níveis e setores a integrarem espaços e funções digitais.

Pioneiros em aplicação de realidade virtual (VR) em São Paulo (SP), a Agência Casa Mais atua desde 2011 com mais três principais tipos de tecnologia além da mencionada: realidade aumentada (RA), metaverso e, mais recentemente, Inteligência Artificial (IA). Além de desenvolverem jogos e aplicativos para grandes empresas de diversos segmentos como Netflix, Coca-Cola e Heineken, eles possuem diversas iniciativas de aplicação desses conceitos.

O que é inovação para o RH? Já escrevemos alguns conteúdos para o blog que abordam o tema e sabemos que a tecnologia está intimamente relacionada a isso. Constantemente ouvimos falar sobre metaverso, IA, realidade virtual, etc. e sabemos o que cada um significa, mas como aplicá-los devidamente no RH? Como as pessoas já aplicam isso e quais são as possibilidades que podem ser pensadas a partir disso?

Em meio a um mercado que pulsa por formas diferentes de alcançar inovação, Fabio Costa, CEO da Casa Mais, nos cedeu uma entrevista e contou como os profissionais de RH já podem utilizar essas tecnologias a seu favor para desenvolver processos como recrutamento, seleção e capacitação; como acredita que o mercado será impactado com o tempo, menciona cases de empresas como Itaú, iFood e Centauro e muitos outros assuntos. Confira a seguir!

Entrevista

Antes de tudo: do que se trata o trabalho da Agência Casa Mais?

Comentando de forma geral, nós trabalhamos fornecendo soluções tecnológicas de ponta-a-ponta que passam pelas mais diversas frentes de uma empresa: desde o conteúdo até a locação dos óculos. Nossos espaços de atuação incluem desde o treinamento de gestores e colaboradores até às campanhas de Marketing, por exemplo. Além de termos ações desenvolvidas por meio de Realidade Aumentada e Virtual com foco em capacitação, também temos a Reúne, nossa plataforma de metaverso, e começamos a aplicar um desdobramento de Inteligência Artificial. No final das contas, muitas das ações que envolvem essas atividades acabam sendo interligadas de certa forma.

Onde o RH entra nessa história? De que forma vocês já impactaram o departamento?

Temos alguns cases de destaque envolvendo a atuação do RH com as tecnologias que mencionamos, principalmente realidade virtual e metaverso.

Um importante case que podemos mencionar envolvendo realidade virtual é o do Itaú. Em 2018, desenvolvemos vídeos para realidade virtual em que mostramos exemplos de atendimento ao consumidor por parte dos gerentes, tanto de agências físicas quanto de digitais; a ideia era reforçar a atividade rotineira desses profissionais de uma forma dinâmica, capacitando-os e tornando o serviço mais prático. Bastava uma pessoa ir presencialmente e fazer o treinamento, para passar os aprendizados às outras pessoas colaboradoras. No próprio conteúdo, que possuía etapas com quizes para serem respondidos ao final de cada uma, conseguimos mensurar os resultados da campanha e, consequentemente, aprimorar os nossos questionários para desenvolver cada vez mais profissionais com essa estratégia. Por mês, enviamos por volta de 80 óculos para agências do país, o que totalizou um impacto em cerca de 200 agências.

Outro case interessante de ser mencionado é o do iFood, para o projeto “iFood Pedal”, em que os entregadores de bicicleta foram apresentados a um vídeo 360º que ilustra não só o que deveria ser feito de fundamental além de algumas boas práticas, que também davam a possibilidade de responderem um questionário, mensurando todo o processo. Nesse caso, o RH deles entrou em contato com a gente com a ideia de desenvolver um jogo, mas esse processo não foi viável porque conteúdos gamificados demandam um óculos mais robusto por ter muitos gráficos. Portanto, até pela quantidade de entregadores, acabamos achando mais apropriado fazer um vídeo imersivo.

Já quando se fala em metaverso, por tanto algo que envolva a interação de pessoas em um ambiente digital, temos, por exemplo, o caso da Centauro. A empresa nos contatou para que pudéssemos transformar uma planta da empresa em São Paulo em um espaço interativo. Na estratégia, pessoas de qualquer lugar do Brasil, que tinham dificuldade para se deslocar, poderiam acessar esse espaço, conversando com colaboradores da empresa que, em tese, já estão fazendo isso presencialmente. Depois de mapeada, a loja 3D oferece logins para colaboradores que oferecem diversas possibilidades, tais como rodar um vídeo ou apresentar um painel de informações da empresa, por exemplo.

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Pensando em outras áreas (como recrutamento e seleção, por exemplo), já realizaram alguma estratégia?

Dentro da seleção e recrutamento, eu já vejo essa possibilidade sendo trabalhada de certa forma. Nós ainda não fizemos algo tão focado, mas tem o exemplo da Ambev Expo, que ocorreu no ano passado: fizeram um recrutamento e seleção dentro de um game online, com um chatbot que é como uma assistência virtual. Não tinha conversa em tempo real, mas fizeram o mapeamento de recrutamento e seleção lá dentro, com pessoas conhecendo os departamentos da empresa. Agora, isso já é mais viável.

Imagina se tivéssemos um ambiente virtual e um recrutamento sendo feito com avatares, em empresas separadas, dinâmicas de grupos? Seria ótimo. Essa coisa da entrevista por chamada de vídeo acho que vai ser passageira. Acredito que o novo estagiário que chegar e participar do processo no metaverso, irá se maravilhar e seguir essa cultura.

Como vocês atuam desde 2011, já têm propriedade para dizer o que é inovação ou não de forma geral. No contexto do RH, quais aspectos dessas tecnologias são considerados inovadores recentemente?

Como inovação, a imersão é o principal aspecto dessas tecnologias. Essas quatro tecnologias que trabalhamos já estão começando a se integrar e o nosso metaverso é uma prova disso. Nós mesclamos a atuação do Open AI (IA textual) com o DALL-E (IA imagética), no nosso metaverso para tornar a experiência mais lúdica e interativa. Claro que, nesse caso, as interações serão feitas por meio de um chatbot e a IA vai responder da forma que compreender, sem filtro humano inicialmente, mas podemos aprimorá-la para isso.

O próprio case do Itaú exemplifica: apesar de se basear em realidade virtual, simulando o atendimento de um cliente ao consumidor, ele misturava experiência física e digital. 

E outra: imagina fazer uma apresentação em uma reunião, com o conteúdo estático tradicional e apresentação, porém com o adicional de colocar o óculos para dar uma “quebrada” nesse padrão. É ótimo mesclar porque estar só no ambiente virtual cansa.

Acredita que devemos impor determinados limites à utilização dessas tecnologias?

Acredito que existe um certo limite. Caso seja feito algo sempre híbrido, acho válido. Caso os conteúdos sejam muito longos, consumi-los a partir de cinco minutos começa a ficar cansativo, ainda mais para as pessoas que nunca nem tiveram experiência com esse tipo de tecnologia.

Até eu, que estou há 11 anos trabalhando com isso, canso; o que acontece com muito mais intensidade para as pessoas que não têm experiência prévia com a tecnologia. O caminho realmente vai ser o híbrido.

Qual a viabilidade de aplicar esses processos na área hoje em dia?

Existem alguns pontos a serem considerados. No caso da realidade virtual, por exemplo, o maior complicador hoje é a necessidade do óculos e muitas pessoas ainda não têm e sequer estão acostumados a usá-lo. Portanto, para participar dos treinamentos, a pessoa precisa ir até a empresa para ter o óculos. Justamente por isso, esse modelo acaba sendo ideal para contextos de dinâmica de grupo, em espaços presenciais.

Já no caso do metaverso, ele já é acessível por um notebook para conversar com outros usuários de todo o mundo. Nesse caso, é teoricamente possível chegar e capacitar os meus colaboradores em qualquer lugar do mundo, portanto reduzir tempo e dinheiro que eventualmente seria gasto com preço de passagem e hospedagem, por exemplo. Além, é claro, da possibilidade de ter toda a experiência mensurada. Apesar disso, não dá para acessar com computador fraco e internet ruim.

Uma coisa que temos reforçado é que o acesso dessas tecnologias ainda precisa ser muito democratizado e ser tornado de fácil entendimento. Existe um gap grande entre o que é cada uma dessas, embora os termos já existam há um bom tempo. E essas tecnologias são muito úteis para personalizar negócios, logo as pessoas precisam estar habituadas a ela. Ela otimiza treinamentos e demais processos.

Gostou da entrevista? Confira outra que realizamos, com a Deborah Gouveia Abi-Saber, head de Cultura, Liderança e Performance do Nubank sobre liderança feminina!