Em pleno mês da mulher, não é novidade que a desigualdade racial dentro do mercado de trabalho continua sendo muito expressiva, ainda mais entre as mulheres.

De acordo com microdados do IBGE, o primeiro trimestre de 2022 apresentou uma taxa de desemprego no país composta por 16,3% de mulheres negras, número que representa mais de 4,1 milhões de pessoas.

Já a pesquisa Pnad Contínua do IBGE, realizada em 2020, aponta que 72,9% das pessoas desempregadas no Brasil são negras. Da população negra empregada, metade está concentrada no modelo de trabalho informal.

E as diferenças não se concentram apenas na empregabilidade em si: as oportunidades de crescimento de carreira, cargos de liderança e até mesmo o salário entre pessoas brancas e negras ainda é forte. 

Apesar das diferenças latentes na esfera corporativa, o empreendedorismo negro tem ganhado notoriedade e força cada vez maiores. No contexto das startups, as mulheres pretas têm ganhado cada vez mais destaque e unindo inovação e representatividade em seus produtos e serviços. 

Pensando na importância de fomentar a discussão sobre a consciência negra dentro e fora do ambiente corporativo, trouxemos uma lista de 5 startups comandadas por mulheres pretas e como elas têm ganhado força e transformado o ecossistema de inovação do mercado. Confira!

1. Pretahub

Um dos primeiros passos para que pretos e pretas ocupem mais espaços no mercado de trabalho é dar insumos para capacitar afroempreendedores. Foi pensando nesse objetivo que o PretaHub surgiu.

A startup atua como um hub de criatividade, inventividade e tendências pretas no Brasil e foi criada por Adriana Barbosa, fundadora também da Feira Preta — o maior evento de cultura e empreendedorismo negro da América Latina.

Hoje, o PretaHub tem mais de 10 mil empreendedores e empreendedoras impactados e tem outras iniciativas poderosas, como o Festival Potências Pretas, o Afrolab e o Case PretaHub.

2. D’Black Bank

O D'BlackBank é uma Fintech 100% digital, criada para conectar consumidores a empreendedores negros e oferece serviços financeiros diversos. A startup surgiu a partir da ideia central do black money, movimento criado com o intuito de diminuir desigualdades e promover o empoderamento financeiro de pessoas negras no Brasil.

Nina Silva, criadora do D'Black Bank e do Movimento Black Money (hub digital de inserção e autonomia da comunidade negra na economia) é uma grande referência para a comunidade negra: a empreendedora, escritora, mentora e gestora já foi eleita como a mulher mais disruptiva do mundo pelo Women in Tech Global Awards 2021, foi reconhecida pela ONU entre os cem afrodescendentes mais influentes do mundo abaixo de 40 anos e faz parte do conselho da startup Lady Driver.

3. Incredible Health

A Incredible Health, startup do segmento de healthcare, surgiu nos Estados Unidos em meio a um cenário de escassez de profissionais de enfermagem durante a pandemia da Covid-19.

A startup tem como principal serviço uma plataforma que une enfermeiros e profissionais de saúde com empregadores, incluindo grandes sistemas hospitalares. A plataforma também conta com treinamentos que ajudam a impulsionar a carreira de enfermeiros e enfermeiras.

A Incredible Health tem como cofundadora e CEO a Dra. Iman Abuzeid, que é hoje uma das únicas mulheres negras a fundar e administrar uma startup unicórnio — avaliada em mais de um bilhão de dólares.

4. Negras Plurais

Segundo o relatório BlackOut: Mapa das Startups Negras 2021 feito pela BlackRocks Startups em parceria com a Associação Brasileira de Startups, mais de 70% dos fundadores de startups respondentes são pessoas brancas.

Pensando justamente na ausência de pessoas negras à frente de negócios, a startup Negras Plurais surgiu, com o intuito de acelerar negócios de pretos e pretas, por meio de mentorias, workshops, palestras e encontros periódicos e promover a autoestima profissional especialmente de mulheres negras.

A empresa foi fundada por Caroline Moreira, que hoje também é consultora de diversidade e inclusão e palestrante. A empreendedora já foi indicada pela Forbes como uma das 5 mulheres negras que o mundo precisa conhecer e premiada pela Startase como uma das 10 Mulheres do Agora.

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5. Diver.SSA

A Diver.SSA é uma edtech focada em aprendizagem, desenvolvimento, acolhimento e bem-estar físico e psicológico para mulheres empreendedoras, com atuação majoritária nas regiões norte e nordeste.

A empresa atua em três grandes frentes de educação: ORG (focada em projetos de cunho social); Educa (voltada para migrar a educação empreendedora para o contexto digital); e Company (onde o foco é conectar fundadoras de startups com grandes marcas).

Itala Herta, fundadora da Diver.SSA também faz parte do Comitê de Diversidade Racial da Ambev. Segundo Itala, “A Diver.SSA acredita que a regeneração econômica do país acontecerá através das mulheres do norte e nordeste do Brasil.

Há muitos talentos, negócios e vocações prontas para receber investimento. Por isso é importante acolhê-las para que possam aproveitar melhor as oportunidades de desenvolvimento com foco na sustentabilidade de seus empreendimentos”.

6. Piraporiando

Com foco no impacto social, a startup atua com educação, inicialmente com a realização de obras literárias infantojunvenis e agora com atividades de impacto social. O foco da Piraporiando é ser referência na educação antirracista.

Eleita pela Forbes uma das 12 pessoas negras inovadoras que estão elevando a qualidade da educação no Brasil, a fundadora da Piraporiando é a carioca Janine Rodrigues.

Embora ela sempre quisesse ser escritora e teria começado a escrever aos oito anos de idade, Janine trabalhou por 12 anos como gestora ambiental antes de lançar o seu primeiro livro, que foi publicado por sua própria editora. Hoje, ela é referência em educação diversa no país.

7. Afro Esporte

O Afro Esporte é considerado o primeiro laboratório brasileiro de produção e curadoria de conteúdo e gerenciamento de carreira especializado em atletas negros, negras e LGBTQIAP+. A grande missão da startup é incentivar mais pessoas pretas a mergulharem nas diversas áreas do universo esportivo.

Quem fundou a startup foi Mia Lopes, jornalista com 15 anos de experiência em Comunicação. Apaixonada por esportes, destacou-se como apresentadora em uma TV pública de Salvador (BA), onde atuou como diretora e produtora de conteúdo. O amor pelo esporte falou mais alto e hoje ela foca na atuação da startup.

8. Malalai

De acordo com dados da ONU, o Brasil é o quinto país mais violento para mulheres, com registros de um caso de estupro a cada 11 minutos e 536 ocorrências de violência a cada hora. Por conta disso, surgiu a Malalai, startup que atua com a segurança feminina por meio da tecnologia.

A arquiteta e fundadora Priscila Gama atua na startup desenvolvendo soluções de segurança para mulheres, como um aplicativo que traça rotas mais seguras e até mesmo a criação de um anel com tecnologia bluetooth que, ao ser ativado por meio do toque, envia um alerta de localização para os contatos de emergência do celular linkado.

Neste conteúdo, nós trouxemos algumas das mulheres pretas que têm transformado o mercado de startups dentro e fora do Brasil, com soluções inovadoras, com alto impacto e representatividade para a comunidade negra.

Embora o cenário de representatividade de pessoas negras no contexto profissional seja negativo de forma geral, é importante não somente fomentar a discussão sobre o racismo, mas também dar voz a empreendedores e profissionais negros que enfrentam o racismo diariamente.

Ao longo deste conteúdo, nós falamos sobre lideranças negras e o quanto o cenário ainda está longe de ser ideal. E para dar mais voz a lideranças negras de destaque, preparamos um artigo que apresenta algumas das mais relevantes nos últimos anos. Continue no nosso blog e leia mais sobre o assunto!