No mundo corporativo, não é novidade que cargas excessivas de trabalho podem desencadear tanto problemas psicológicos quanto outros tipos de sintomas físicos. Temas sobre trabalho e saúde mental, como a escala 6x1, o burnout e as novas normas da NR1, inundaram o debate corporativo nos últimos anos — e têm chamado a atenção das empresas.

Neste conteúdo, abordamos como e por que evitar o trabalho excessivo, além do impacto dele em aspectos organizacionais, como motivação, engajamento, retenção de talentos, produtividade e qualidade das entregas. Continue a leitura!

O que caracteriza trabalho excessivo?

Em linhas gerais, no Brasil é considerado trabalho excessivo todo aquele que ultrapassa a jornada legal de 8 horas diárias ou 44 semanais, desrespeita os limites de horas extras, intervalos e repousos, ou ainda expõe o trabalhador a risco à sua saúde física e mental.

Ainda, de acordo com a Convenção nº 1 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), ratificada pelo Brasil, e com a jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho (TST), uma jornada superior a 10 horas diárias habituais pode ser considerada abusiva, mesmo com pagamento de horas extras.

A seguir, detalhamos a explicação conforme a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e a Constituição Federal.

Fuga à jornada regular

A jornada normal é de 8 horas diárias (40 horas semanas na escala 5x2) e 44 horas semanais (8 horas em dias úteis + 4h aos sábados), de acordo com o art. 7º, o XIII da Constituição Federal e art. 58 da CLT.

Há, no entanto, exceções previstas em lei, como categorias com jornadas diferenciadas (ex.: bancários, médicos, enfermeiros).

Limite de horas extras

A lei permite, no máximo, 2 horas extras por dia (art. 59 da CLT). Essas horas devem ser remuneradas com adicional de, pelo menos, 50% sobre a hora normal (ou 100% em domingos e feriados, salvo regime de escala compensatória).

Não respeito aos intervalos

O não respeito aos intervalos para descanso e alimentação (art. 71 da CLT) e ao descanso semanal remunerado (art. 7º, XV da CF) também caracteriza excesso.

Danos a saúde e segurança

O trabalho excessivo também pode configurar dano à saúde do trabalhador, sendo enquadrado como descumprimento das normas de saúde e segurança (art. 7º, XXII da CF e NR-17 – ergonomia). Quando comprovado, pode gerar responsabilidade civil da empresa por dano moral e material.

Quais os problemas da sobrecarga de trabalho?

Além dos impactos mentais, o excesso de trabalho também compromete o corpo. O organismo humano não foi feito para lidar com altos níveis de estresse por longos períodos e, quando isso acontece, podem surgir consequências físicas sérias.

1. Doenças cardiovasculares

As doenças cardiovasculares estão entre os principais riscos da sobrecarga de trabalho. O estresse prolongado provoca aumento da pressão arterial e sobrecarga do sistema cardiovascular, o que eleva de forma significativa a probabilidade de hipertensão e infarto.

Com o tempo, essa pressão constante sobre o organismo aumenta consideravelmente a chance de ataques cardíacos.

2. Sedentarismo associado

Outro fator agravante é o sedentarismo, muitas vezes consequência de jornadas longas que reduzem o tempo disponível para a prática de atividades físicas.

A falta de movimento potencializa problemas cardíacos e circulatórios, além de contribuir para o sobrepeso e a obesidade, criando um ciclo que intensifica os riscos à saúde.

3. Dores crônicas e problemas osteomusculares

A dor crônica também é um efeito comum do excesso de trabalho, especialmente em funções de escritório ou atividades repetitivas.

A má postura e a falta de ergonomia adequada levam a dores recorrentes em regiões como costas, pescoço e ombros. Quando não tratadas, essas condições podem evoluir para lesões por esforço repetitivo (LER) e doenças osteomusculares relacionadas ao trabalho (DORT), comprometendo a qualidade de vida a longo prazo.

4. Distúrbios do sono

A carga excessiva de trabalho também impacta diretamente o descanso. A privação ou má qualidade do sono prejudica o funcionamento adequado do organismo, reduz a imunidade, aumenta a irritabilidade e diminui a capacidade de concentração.

A longo prazo, a falta de sono reparador pode tanto agravar doenças físicas já existentes quanto contribuir para o surgimento de transtornos mentais.

5. Dados globais de saúde

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), calcula-se que as longas jornadas sejam responsáveis por cerca de 1/3 das doenças ocupacionais, representando o maior peso entre as doenças do trabalho.

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Como evitar o trabalho excessivo em sua equipe?

Como vimos, o trabalho excessivo é um problema tanto para as entregas de seu time quanto para a saúde física e emocional dos colaboradores. A seguir, selecionamos algumas das principais dicas para evitá-lo na sua equipe!

1. Defina prioridades com a sua equipe

Indicamos sempre que haja definição de prioridades com a sua equipe. No início de cada semana, lideranças podem se reunir com o seu time para entender qual seria o foco ideal para aquele período.

Muitas vezes, a pessoa colaboradora pode querer "abraçar" entregas que, provavelmente, nem são tão efetivas para a estratégia da área ou do negócio — e que podem ser repriorizadas.

Além disso, existem ferramentas que possibilitam que a pessoa colaboradora possa oficializar quais são as suas prioridades. A liderança, assim, identifica se estão de acordo com a proposta da área para aquela semana, dando sugestões de modificações ou alinhando expectativas.

2. Faça one-on-ones

One-on-ones são reuniões periódicas entre lideranças, liderados e lideradas. Como diferencial para a empresa, destaca-se que há um maior fluxo de informações de baixo para cima, de modo que as lideranças possam identificar insatisfações ou desgaste de colaboradores

Sendo assim, uma pauta dessas reuniões pode ser justamente a quantidade de demandas que a pessoa está responsável. Assim, a gestão tem a possibilidade de entender se as tarefas estão excessivas ou não.

Nesses momentos, há a possibilidade ainda de entender como está a motivação do liderado ou liderada para as suas funções do dia a dia. Se a pessoa estiver para baixo e com pouco interesse em relação às suas funções, a gestão pode perceber e tratar esse problema na raiz, acionando o RH caso necessário.

3. Acompanhe os sentimentos da semana no time

Um outro ponto que pode ser trabalhado nas empresas é o entendimento sobre o sentimento que a pessoa sente naquela semana que passou. Existem ferramentas que oferecem pesquisas pulsadas, nas quais o colaborador tem a oportunidade de trazer os pontos positivos e aqueles que podem ser melhorados.

Pressão excessiva e sobrecarga são alguns desses tópicos, o que permite à gestão identificar situações mais problemáticas e entender formas para tratar esse problema.

4. Deixe espaço aberto para feedbacks

Por fim, indicamos que o seu negócio tenha um espaço aberto para feedbacks. Se a pessoa sentir que há segurança psicológica para trazer seus pontos de insatisfação, naturalmente poderá tratar com a sua gestão períodos em que estiver sobrecarga.

Novamente, há a possibilidade de repriorização, de modo que o liderado ou liderada possa focar no que é importante para aquele momento e deixe tarefas que mexem "menos no ponteiro" dos resultados para as próximas semanas.

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Ao centralizar práticas como acompanhamento de OKRs, reuniões de 1:1, avaliações de desempenho, feedbacks e check-ins de desenvolvimento, a plataforma promove clareza sobre expectativas e resultados, evitando jornadas excessivas e desalinhamento.

Dessa forma, o time consegue manter o foco no que realmente importa, melhorar o desempenho e preservar a saúde e o bem-estar no trabalho.

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